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How I Met How I Met Your Mother

maio 28, 2007

How I Met Your Mother

Desde que os deuses da tecnologia me abençoaram com duas das maiores dádivas do universo – a internet e a TV a cabo – minha vida mudou. Passei a acompanhar de forma sistemática e cada vez mais interessada uma nova gama de programas de televisão, que antes eu relegava àquelas horas de lazer do domingo ao meio-dia: os seriados.

Quando, num segundo momento de glória, esses mesmos deuses me concederam a mais nova das maravilhas do mundo moderno – a banda larga – a coisa degringolou de vez. 

A partir daí, criei uma tradição: baixar o maior número de pilotos e estréias possíveis e, a partir dali, determinar o que seria acompanhado ao longo da temporada. Foi assim que descobri Lost antes do Terra entregar os spoilers. Foi assim que vi e me apaixonei por Veronica Mars. Foi assim que, enquanto o mundo ainda achava que Desperate Housewives era o máximo (e eu já tinha desistido de suportar outra série com mulheres histéricas), apareceu Grey’s Anatomy na minha vida.

E foi do vazio deixado por Friends e Buffy – tudo a ver! – que eu baixei o primeiro episódio do que, na época, todos se referiam como “a sitcom nova com a Alyson Hannigan”.

That’s how I met How I Met Your Mother.

No começo, a série ganhou a minha simpatia por contar com um elenco não muito conhecido mas que se mostrava competente: além da Alyson Hannigan, tem o Jason Segel (que eu adorava em Freaks & Geeks) e o Neil Patrick Harris (Doogie Howser em pessoa!). Além disso, *era* uma sitcom bonitinha que, efetivamente, se valia da premissa de Friends, mostrando um grupo de amigos nova-iorquinos e suas desventuras amorosas.

O que eventualmente diferenciou HIMYM de outras sitcoms similares foi a extrema competência em contar uma história que está determinada desde o título da série: todos sabem que, eventualmente, Ted Mosby (Josh Radnor) vai encontrar a sua the one, casar e ter um casal de filhos. Mas partir dessa premissa de flashback dá aos autores uma liberdade narrativa fantástica, e essas constantes brincadeiras de vai-e-vem com o tempo proporcionaram alguns dos momentos mais fantásticos da série.

Outro ponto forte é o respeito à continuidade, que proporciona piadas compartilhadas entre personagens e público assíduo, e contribuindo para uma “mitologia” rica da série. Nesse ponto, HIMYM já começa a se diferenciar dos últimos dias de Friends: as piadas não surgem apenas das situações, mas também das idiossincrasias dos personagens, de seus desejos, fobias e até nacionalidade (como acontecia com o Dave de Newsradio, a Robyn de Cobie Smulders precisa agüentar as piadinhas por ser canadense – muitas delas feitas por ela própria).  Verborrágicos como as Gilmore Girls de Amy Sherman-Palladino, Ted, Robyn, Lilly, Marshall e Barney também mostram sua juventude e sua nostalgia através de diálogos recheados de referências pop especialmente dos anos 80 – aproximando os personagens do público com quem dividem a faixa etária, vinte e tantos anos. O humor dos diálogos, bem mais irônico, dá a sensação de que, se realmente fosse um filhote de Friends, HIMYM seria a reunião de cinco Chandlers.

O ponto fraco da série pode, na minha opinião, não ser tão fraco assim. É inegável que, dado o título da série, e o fato de ser o narrador, Ted deveria ser visto como personagem principal. E, no entanto, é ele quem tem as histórias mais fracas, e a personalidade menos atraente do grupo de amigos. Por que eu não acho tão fraco assim? Acho que, porque em algum momento desses quarenta e tantos episódios, cheguei à conclusão de que, título e narrador à parte, não é uma história sobre como Ted encontrou sua alma gêmea. É como se ele usasse essa desculpa de pretexto para contar aos filhos um pouco de quem ele foi na sua juventude, e de como ele chegou até aquele momento da sua vida. Mas, acima disso, de como ele nunca teria alcançado esse estágio não fosse por seus amigos, e de tudo que eles viveram juntos. Mais do que a história de como Ted conheceu a “mother”, é a história da Aunt Lilly e Uncle Marshall, da Aunt Robin e do Uncle Barney, de como aquelas quatro figuras, adicionadas afetivamente àquela família, se tornaram tão essenciais para ele a ponto de praticamente estrelarem suas narrativas.

É uma história de amizade que não caiu, até o momento, nas saídas fáceis que outras tantas séries tentaram utilizar. Depois de duas temporadas, e recentemente renovado para uma terceira (apesar do susto que a CBS deu nos fãs), a força da série se mostrou justamente aquilo que a diferencia dos “grandes sucessos da temporada”: ao invés de grandes reviravoltas e acontecimentos sobrenaturais, How I Met Your Mother é apenas uma história, muito bem contada, e tão humana quanto seus espectadores.

Postado por Roxy

13 comentários

  1. Se eu já não estava antes, agora fiquei realmente curioso com relação a essa série. Meu único medo é que eu adore, acompanhe todos os episódios e depois eles desbanquem para um drama, como aconteceu com Gilmore Girls e Everwood.


  2. moist.


  3. Tell people what?


  4. E sobre o protagonista, pra mim tem dois modelos de sitcoms, aquele em que o protagonista é amalucado e os outros tentam lidar com ele (The Office), e aquele onde o leading man é o mais centrado e os coadjuvantes são mais excêntricos (Seinfeld, Mother, Arrested, etc).


  5. Eu gosto de pensar que nem toda série *precisa* de um protagonista, e várias séries com “ensemble cast” foram bem sucedidas com isso. Acho que HIMYM é uma delas.


  6. bom texto.
    Confesso que só li a matéria após perceber o título (que já foi utilizado por mim em um post anterior) ao perceber que não sou a gênia da originalidade…


  7. Antes de mais nada, achei seu site pois procurava fãs de Veronica Mars.
    Eu nunca assisti HIMYM, mas depois do seu post, vou baixar a primeira temporada pra ver “what the fuzz is all about”…
    Abs


  8. Ótima análise! (Pena que eu tenha visto meio distante da data do post) Terminei a segunda temporada agora (a melhor das duas, ressaltando) e comecei a procurar alguma coisa sobre a terceira… quando vejo que a comunidade brasileira tá bem por fora de HIMYM. Ver esse review aqui foi alívio! É ótimo ver que alguém mais vê essa série tão descompromissada e divertida! Tomara que a galera se ligue na série. E que ela mude de canal aqui no Brasil; Fox Life?! Credo!
    Parabéns pelo ótimo trabalho aqui no blog!


  9. Comecei a ver essa série por indicação de um amigo, e estou achando muito boa! Tomara que ela prossiga no mesmo alto nível dos primeiros episódios:)


  10. it’s legen…


  11. Olá, tudo bem? Tu sabes me dizer em que dia e horário passa How I met your mother e Two and a half men? Adorei teu texto. Passarei aqui mais vezes. Se puderes responder no meu blog, melhor. Beijos.


  12. Parabéns pelo texto ! How I met your mother é sem margem para dúvidas uma das melhores séries a passar neste momento no pequeno ecra.


  13. A saudade de Friends me fez encontra HIMYM, a série não me da o mesmo prazer que friends, mas me prende a atenção, a série é divertida e interessante. Acredito que não terá o fim decepcionante de gilmore girls.



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